O que fazer com o FGTS?

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Fui consultada hoje sobre o que um planejador financeiro recomendaria para seu cliente fazer com o dinheiro que venha a receber da liberação do recurso do FGTS?

Minha resposta, foi um pouco longa como vocês irão notar.

Começa assim:

Se o cliente estiver endividado, recomendaria quitar suas dívidas.

- Todas as dívidas? Fui questionada de volta.

Respondi que não necessariamente todas, mas sim as nocivas. E o que seriam dívidas nocivas? São aquelas cujos juros são estratosféricos e que podem logo se tornar uma bola de neve e trazer muitos outros problemas como nome sujo, por exemplo.

Se o cliente tiver dívida no cartão de crédito, essa deveria ser a primeira a ser quitada, pelo simples critério de ser a mais cara! Em seguida deve vir a dívida do cheque especial se o cliente estiver usando o limite, também pelo mesmo critério de ser uma dívida muito cara.

Perguntaram então, para uma dívida saudável, que esteja programada e dentro do orçamento doméstico, como o financiamento de um automóvel ou um imóvel, em que o cliente não esteja inadimplente, valeria a pena usar o recurso para abater o estoque de dívida? Provavelmente sim, respondi. Em geral esses financiamentos apesar de serem mais baratos do que o cartão de crédito e cheque especial, ainda assim costumam cobrar juros maiores do que a remuneração da maioria dos investimentos com baixo risco que estão disponíveis no mercado. Então pode ser uma boa ideia abater parte da dívida existente, mesmo que o cliente não esteja inadimplente.

Outra destinação interessante para o recurso liberado do FGTS para os clientes que não estão endividados é montar ou aumentar a reserva de emergência. Essa reserva não vai tornar ninguém rico, mas pode ajudar a não deixar o indivíduo pobre caso algo saia do controle. Imprevistos acontecem e ter um recurso disponível para cobrir as despesas durante um determinado período é importante para evitar que o cliente se afunde em dívidas caras e que poderiam ser evitadas.

Agora, se o cliente está sem dívidas e já tem uma reserva de emergência suficiente, pode seguir então por dois caminhos: gastar ou investir. Se ele está querendo comprar algo, já vem pesquisando há bastante tempo valores e tem uma boa noção do preço do bem que quer adquirir, pode aproveitar esse recurso a mais para tentar negociar um desconto para comprar com pagamento a vista.

Se o cliente além de não ter dívida, já ter uma reserva formada e não estiver afim de comprar nada, ai tem bastante coisa interessante que ele pode escolher para investir! Lógico que respeitando o seu perfil de risco, horizonte de investimento e se já existem outros investimentos para não haver concentração excessiva, não faltam opções de fundos multimercados, fundos imobiliários e fundos de ações no mercado para uma alocação mais eficiente olhando médio e longo prazo e para fazer esse recurso extra render, bem mais do que se estivesse parado lá no FGTS!!

Patricia é economista, planejadora financeira certificada pelo CFP e Diretora de Investimentos da Sonata Gestora de Recursos.

As opiniões aqui expressas refletem exclusivamente a visão da autora e não se caracterizam como material de venda ou sugestão de investimentos.

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